Que a pesca esportiva é muito mais que apenas um esporte, disso quem é do segmento sabe. Mas, quando ela é usada para trazer benefícios sociais, é aí que se percebe o potencial que a prática possui. Um exemplo disso é o Programa Reabilita, que tem como objetivo reabilitar emocionalmente e fisicamente estudantes com Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH) através do esporte da pesca.
Por conta das dificuldades enfrentadas pelos estudantes que recebem o diagnóstico de TDAH, principalmente para lidar com demandas do ambiente social, o Programa Reabilita se baseia no chamado “mindfulness”, ou atenção plena, auxiliando os alunos em suas necessidades de atenção, fazendo com que percebam as experiências físicas, por isso as atividades são realizadas fora da sala de aula.
A iniciativa partiu do professor Felipe Luiz, que percebeu ao longo dos seus 15 anos ensinando, a necessidade de encontrar novas ferramentas para auxiliar seus alunos, que muitas vezes encontram dificuldade em relacionar teoria e prática nas ciências. “Considerando que a teoria é feita de conceitos que são abstrações da realidade, podemos afirmar então que o aluno que não reconhece o conhecimento científico em situações do seu cotidiano, não foi capaz de compreender a teoria. E a pesca esportiva pode trazer esta experiência única com multidisciplinaridade, como biologia, ciências, física, química, história, enfim. Há muita oportunidade da pesca esportiva poder ser uma ferramenta no ensino”, conta. Felipe se considera um entusiasta da neurociência, que é um ramo de sua formação em biologia. Com anos de pesquisa para chegar ao resultado que buscava, sempre acreditou que sua profissão poderia mudar vidas. “Na formatação desse programa, que é específico para alunos neurodiversos, com a ajuda da neurociência, da psicologia e da psicopedagogia, além da minha paixão por pesca, resultou em algo inédito para nosso país, que trará muitos resultados positivos e melhora para esses alunos em específico. A pesca por si só já se trata de uma terapia unida ao ensino e a psicologia, se tornando algo poderoso em benefício dessas crianças e adolescentes”, destaca.
O Programa Reabilita faz parte do projeto Escola da Pesca que, segundo Felipe, trouxe resultados expressivos ao longo de um ano letivo em Bombinhas, Santa Catarina. Por conta da pandemia e de questões financeiras, o Reabilita ainda não pode ser colocado em prática. “Em Santa Catarina, colhi relatos da coordenação pedagógica que destacaram alunos mais tranquilos, atenciosos, educados. Tudo isso graças as aulas da Escola da Pesca, que também causou impacto positivo na comunidade local, aceitando esse trabalho inovador”, comenta.
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